Duas semanas após a barragem que continha rejeitos tóxicos arrebentar, na região de Mariana, no sudeste do estado de Minas Gerais, a empresa admitiu que mais 2 barragens correm o risco de romper.
De acordo com Germano Lopes, diretor da Samarco, a barragem em Santarém tem uma margem de 37% de segurança, enquanto o da barragem de Germano apenas 22%.
“Gostaria de afirmar que correm um risco grande de romper”, informou Lopes.
“Estamos executando operações essenciais de urgência para aumentar o aspecto de proteção e segurança”, acrescentou. “Estas operações incluem utilizar pedras de mineração como suporte estrutural.”, finalizou.
A influência ecológica que será causada com rompimento da barragem, que aconteceu no último dia 05 de novembro, ainda é desconhecida. Marilene Ramos, Diretora do Meio Ambiente do Ibama, afirmou que eles ainda estão avaliando os danos. “Depois disso, nós certamente iremos criar projetos de restauração ambiental e tentar achar maneiras para reverter todo o dano causado ao meio ambiente.”, informou.
Efeitos ecológicos causados pela lama tóxica
A lama lançada a partir do rompimento da barragem destruiu pelo menos cinco assentamentos antes de atingir Rio Doce, ao qual a lama chegou através pequenos riachos. Locais de pesca foram atingidos e todos os peixes que habitavam o local mortos.
Segundo a Arquidiocese de Vitória, inúmeros tipos de peixes, incluindo dourado, surubim, pacu, tucunaré e pintado estão sendo resgatados, bem como colocados em caixas cheias de água em uma operação chamada “Arca de Noé”, que está sendo organizada por pescadores da cidade. Caso contrário, todos os peixes do leito do rio seriam asfixiados pela lama.
A vegetação marinha, bem como a fauna também estão ameaçadas de extinção. O Ibama estima que a lama deve chegar ao Oceano Atlântico em breve. A Samarco havia colocado obstáculos numa tentativa para bloquear a lama atingisse o mar, o que não funcionou.
Como parte dos esforços para conter a mancha, que já se espalhou pelo menos por 500 km, a Samarco planeja empregar reagentes biológicos para reduzir a influência dos rejeitos sob a água. A ideia é bloquear a lama para que ela não alcance a usina hidrelétrica de Aimorés, que tem suas operações atualmente suspensas. A eficácia deste medida, no entanto, tem sido questionada.
Descontaminação Paliativa
Ricardo Motta Pinto Coelho, especialista em Gestão Ambiental, da Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, afirmou, que: “Por mais que os esforços de contenção sejam feitos isso não vai descontaminar o rio.”
Jefferson Nascimento de Oliveira, professor de Recursos Hídricos da Universidade Estadual Paulista, UNESP, concordou: “Este é um paliativo – não vai conservar o fluxo e nem trazer de volta a vida ao rio.” Ele acrescentou que a quantidade de lama no rio é considerável.
Coelho concordou, acrescentando: “Estes são partículas muito finas, sem coesão Não há nenhuma maneira de redirecionar esse sedimento – é lixo total e absoluta.”.
Coelho, que tem efetivamente trabalhado na recolha de rejeito para testes ao longo do Rio Doce e também nos seus afluentes, disse que o “acidente” representa um golpe para o Rio. “Este rio foi contaminado por rejeitos de mineração, atividades da usina, rejeitos da indústria de celulose – e tudo isso se juntou com a bacia que também foi foi desmatada durante décadas.”.
O reflorestamento foi citado como estando entre as possíveis medidas para restaurar a área. Mas Oliveira, citando outro caso, disse que todo o solo contaminado teve de ser substituído antes de começar qualquer tentava de recuperar o que foi perdido.
Multa máxima ainda muito baixa
No início da última semana, promotores federais e estaduais fecharam um acordo preliminar com a Samarco – na qual Vale e BHP possuem igual participação – para o pagamento de de R$ 1 bilhão.
A empresa de mineração tinha realmente sido penalizada 5 vezes – no montante de 250 milhões de reais. Ramos concluiu que que a multa máxima de 50 milhões de reais (12,5 milhões de euros) – é “extremamente reduzida.” Ela incluiu esta muita deveria ser reavaliada.
Segurança das barragens em questão
O motivo para a ruptura da barragem retendo os rejeitos recolhidos ainda não foi identificado. A empresa responsável pela segurança da barragem está investigando o assunto.
Uma fonte que pediu o anonimato, disse que a comissão tentou argumentar que um tremor de terra causou o acidente. No entanto, especialistas dizem exatamente o contrário – que a violação barragem poderia ter causado os tremores.
“Este é o quinto acidente em 2 anos, a partir de rejeitos de 4 piscinas, o que demonstra que as barragens não são seguras”, disse Ramos. Segundo o Greenpeace, existem 700 barragens desse tipo em Minas Gerais.
Além disso, hoje, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff revelou uma estratégia para revitalizar o Rio Doce – sem, no entanto, revelar qualquer tipo de detalhes. Ela incluiu que uma “parte expressiva” de todo gasto deve ser paga pela Samarco.